Durante uma cimeira em Bucareste, os municípios e as regiões manifestaram hoje o seu apoio ao movimento de greves climáticas "Youth for Climate". O Presidente do Governo dos Açores Vasco Alves Cordeiro (PT-PSE) pede mais colaboração e mais ambição para dar resposta as reivindicações do movimento climático global dos jovens
Os municípios e as regiões da UE manifestaram o seu apoio aos protestos da « Greve Mundial pelo Futuro » (Global Strike for Future), que deverá reunir, amanhã, 15 de março , centenas de milhares de jovens em todo o mundo, para exigir medidas mais urgentes de combate ao aquecimento global . Na Cimeira (Re)New EUrope [(Re)Nova(r a) Europa], realizada em Bucareste , os líderes locais e regionais reiteraram o seu apelo à UE para que intensifique os seus esforços, se empenhe em manter o aquecimento global bem abaixo dos 2ºC e se comprometa a alcançar uma Europa neutra em carbono até 2050. Desde agosto de 2018, milhares de estudantes têm-se manifestado nas ruas, em mais de 30 países do mundo, apelando à adoção de medidas suplementares para combater as alterações climáticas. As emissões mundiais de CO 2 atingiram o nível mais elevado de sempre em 2018.
O relatório científico mais recente sobre as alterações climáticas, publicado pelo Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas das Nações Unidas, em novembro de 2018 , demonstra que nos restam menos de 20 anos para evitar uma catástrofe climática que torne o aquecimento global incontrolável. Os cientistas alertam que, se as atuais tendências se mantiverem, o aumento das temperaturas a nível mundial aproximar-se-á dos 3 ºC em 2100, deteriorando de forma irreversível a nossa biodiversidade e provocando condições meteorológicas extremas e insuperáveis.
Participando na sessão dedicada ao tema « Construir um futuro sustentável nas regiões e nos municípios da UE », na Cimeira de Bucareste, o membro do CR Vasco Alves Cordeiro (PT-PSE) , presidente da Conferência das Regiões Periféricas Marítimas e presidente do Governo Regional dos Açores, Portugal, declarou: «É necessário que todos nós, a todos os níveis de poder, compreendamos que os desafios climáticos que enfrentamos não são problemas futuros. Trata-se de desafios presentes e reais, cujo impacto já sentimos e que só serão superados se agirmos coletivamente e de forma concertada. É isto que os jovens estão a pedir: que colaboremos hoje para garantir o futuro a que as gerações jovens têm direito. As regiões europeias estão a dar o exemplo, mas é necessário que a UE e os seus parceiros internacionais não diminuam o seu nível de ambição em matéria de clima.»
Aludindo a uma declaração recentemente proferida em Bruxelas pela ativista sueca de 16 anos Greta Thunberg , Karl-Heinz Lambertz, presidente do Comité das Regiões Europeu , declarou: «Os jovens manifestam-se nas ruas com um pedido simples aos líderes mundiais: que respeitem os compromissos climáticos assumidos em Paris. É ao nível local que a luta contra as alterações climáticas será ganha, e os municípios e as regiões têm ido além das ambições nacionais. A UE estabeleceu metas e está a reforçar o investimento, mas estes esforços ainda ficam aquém do necessário: é preciso ir mais além para que as regiões e os municípios possam fazer a transição, criar empregos verdes, tornar-se energeticamente eficientes e reduzir as emissões. Os estudos científicos são sem apelo e os jovens já fizeram o seu trabalho de casa. Agora, cabe-nos a nós proteger o planeta e o seu futuro, razão pela qual exigimos uma Europa neutra em carbono até 2050.»
Na sua intervenção durante a cimeira, que contou com a presença de 150 jovens políticos eleitos a nível local e reuniu o maior número de políticos regionais e locais da UE desde a COP 21 em Paris, o primeiro vice-presidente do Comité das Regiões Europeu, Markku Markkula , afirmou: «Ninguém conseguirá combater as alterações climáticas sozinho. Todos nós temos de agir e contribuir. A única forma de o conseguir é se todos os níveis de governo cooperarem com a indústria e as empresas, libertando o potencial da inovação de alta qualidade. Temos de integrar os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas nas diferentes políticas. Mas não bastam palavras, é preciso investimento! A UE e os fundos públicos podem ajudar a cofinanciar a transição para as energias limpas, mas, acima de tudo, é necessário criar um ambiente propício a nível local para que as empresas possam prosperar.»
As emissões mundiais de CO 2 atingiram o nível mais elevado de sempre em 2018. Esta situação levou Greta Thunberg a lançar o movimento mundial Youth for Climate [Juventude pelo Clima], que incentivou os alunos de todo o planeta a protestar todas as semanas, exigindo mais medidas em matéria de alterações climáticas.
Na sua intervenção em Bucareste, Magnus Berntsson , presidente da Assembleia das Regiões da Europa e da R20 – Regions for Climate Action e vice-presidente do Conselho Regional de Västra Götaland, Suécia, afirmou: «Os governos regionais e locais da Europa e de todo o mundo subscrevem plenamente o Acordo de Paris e apelam à adoção de medidas ambiciosas em matéria de clima. Somos parte da solução. Nas nossas comunidades locais, compreendemos as necessidades dos nossos cidadãos e unimos esforços com as empresas e o meio académico locais, a fim de gerar um crescimento e empregos verdes para substituir o que se perde na transição. Se trabalharmos em conjunto e partilharmos bons exemplos, triunfaremos. É isto que a geração mais jovem nos pede.»
Nota às redações:
A Cimeira Re(New) EUrope encerrará com a adoção de uma declaração dos líderes regionais e locais intitulada «Construir a UE a partir das bases com as nossas regiões e os nossos municípios» . A declaração, que será entregue formalmente ao presidente da Roménia, Klaus Iohannis , constitui a posição oficial das regiões e dos municípios apresentada aos dirigentes das instituições da UE e chefes de Estado e de governo, que se reunirão em Sibiu, na Roménia, em 9 de maio , para debater o futuro da UE27.
A par da governação e da democracia, da coesão e do impacto do Brexit nas economias regionais, a Cimeira de Bucareste colocou o desenvolvimento sustentável no topo da agenda, numa sessão consagrada às ações em prol do clima desenvolvidas no terreno pelos municípios e as regiões. Clique aqui para descobrir algumas das iniciativas no domínio da sustentabilidade que os municípios e as regiões da UE estão atualmente a implementar.
A ação das regiões e dos municípios em matéria de alterações climáticas
A transição energética da Europa e a descarbonização da economia são uma prioridade absoluta para os municípios e as regiões da UE. O Comité das Regiões Europeu – a assembleia da UE composta por 350 políticos eleitos a nível local e regional – está atualmente a elaborar dois pareceres formais para promover a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na Europa. Na sua próxima reunião plenária, em 26 e 27 de junho, a assembleia da UE dos representantes locais e regionais deverá adotar um parecer sobre a estratégia da UE para um impacto neutro no clima , publicada pela Comissão Europeia em novembro de 2018 .
Comunicados de imprensa do CR sobre as alterações climáticas:
COP 24: Municípios e regiões continuarão a insistir na necessidade de objetivos mais ambiciosos em prol do clima (18.12.2018)
COP 24: municípios e regiões reclamam papel formal no Acordo de Paris (13.12.2018)
Pode contar connosco! – Prefácio pelo presidente do Comité das Regiões Europeu, Karl-Heinz Lambertz, e pelo primeiro vice-presidente do Comité das Regiões Europeu, Markku Markkula), (28.11.2018)
Prontos para a COP 24? (15.11.2018)
Local governments take climate ambition to the next level [Elevar as ambições climáticas dos governos locais] (19.9.2018)
Alterações climáticas: são precisas mais ambição e uma nova governação para implementar o Acordo de Paris (6.7.2018)
Photos of "(Re)New Europe - 8th European Summit of Regions and Cities" are available here .
Contacto:
David Crous | david.crous@cor.europa.eu | +32 (0)470 88 10 37